Francisca Rocha Gonçalves, alumna do Programa Doutoral em Media Digitais, viu o seu projeto Underwater Ecotones no pódio dos três projetos escolhidos para as residências artísticas “Bauhaus of the Seas Sails”, uma iniciativa do CAM (Centro de Arte Moderna da Gulbenkian) em colaboração com os municípios de Lisboa e Oeiras.
A Residência “Arte & Ciência – A Call to the Sea” com o projeto Underwater Ecotones será liderado por Francisca Rocha Gonçalves (PT), em colaboração com Akira Kira, também alumna do Programa Doutoral em Media Digitais (PT), Johannes Goessling (DE) e Pedro Frade (PT), e propõe a investigação de paisagens sonoras, ruídos e vibrações subaquáticas, numa relação direta com espécies vivas, existentes na coleção do Aquário Vasco da Gama. Underwater Ecotones pretende ainda repensar o espaço museológico, imaginando as possibilidades e o impacto do que poderá vir a ser um museu-aquário no futuro.
Os três projetos colaborativos vencedores “têm em comum a capacidade de conjugar a arte com domínios tão diversos como a ciência, a gastronomia e o design, sob o mote da sustentabilidade e da relação com o ambiente marinho local – o estuário, o rio e o oceano.” Os projetos serão desenvolvidos até fim de dezembro e culminarão em instalações artísticas que se esperaram estar disponíveis para visita em fevereiro de 2025.
O trabalho de investigação de Francisca em ecologia acústica centra-se nos efeitos das vibrações subaquáticas e no movimento das partículas, explorando a forma como o ruído antropogénico afeta a vida aquática. Ao utilizar a arte sonora e as tecnologias criativas procura aumentar a consciencialização social e ambiental, traduzindo a investigação científica em expressões artísticas acessíveis. O seu trabalho oferece novas perspetivas não só para composições musicais, mas também para atuações ao vivo que promovem uma ligação mais profunda entre os seres humanos e o mundo natural.
Francisca apresentou também recentemente no Boil Festival (Serralves) a instalação ± 5.965 Fathoms, desenvolvida em colaboração com o artista digital Maotik, que imagina um ambiente especulativo inspirado nas profundezas da Fossa das Marianas (situado a leste das Filipinas é o local mais profundo do planeta com 10994 metros de profundidade). O mar profundo existe num complexo de extremos onde o som, a luz e o movimento são transformados pela pressão e pelo isolamento. O mar profundo existe num complexo de extremos onde o som, a luz e o movimento são transformados pela pressão e pelo isolamento.
Através de paisagens sonoras imersivas e elementos visuais, este trabalho AV convida o público a experimentar o mundo invisível do oceano profundo, onde a bioluminescência cintila na escuridão total e as vibrações de baixa frequência dão o tom.
Nestas profundidades, a luz mal penetra e o som transforma-se em ecos estranhos e reverberantes.
O público foi convidado a interpretar o que a vida e o som podem sentir nestes ambientes extremos sob imensa pressão, onde a linha entre a realidade e a imaginação se esbate.
O portfólio da artista pode ser visto na sua página web.