Ruas do Género – um ensaio visual sobre a representação de género na toponímia da cidade do Porto

“A toponímia não é um simples pormenor ou processo arbitrário: é feita de escolhas políticas e ideológicas que reforçam narrativas hegemónicas. É preciso refletir sobre elas.” – esta é a frase que encerra a descrição do projeto Ruas do Género, um ensaio visual sobre a representação de género na toponímia da cidade do Porto, desenvolvido por dois alumni do Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação da FEUP, João Bernardo Narciso e Cláudio Lemos, e que pode, e merece, ser explorado: Ruas do Género (ruasdogenero.pt).

Este projeto mostra-nos claramente a esmagadora diferença nas representações de género nas ruas da cidade do Porto onde 44% têm nome de homens e apenas 4% de mulheres! Mas não só o número de ruas com nomes de mulheres é 11 vezes menor que com nomes de homens, como a importância e extensão dessas ruas é também reduzida. Depois de organizadas por género, os investigadores chegam à conclusão que “não só as mulheres estão sub-representadas, como as que dão nome a quase todas as ruas de maior destaque são santas. Retirando as figuras religiosas e dinásticas, sobra um minoria de ruas com nomes de mulheres de letras, artistas, professoras, uma engenheira e uma cientista.”

Com este trabalho, que nos mostra a realidade através não apenas dos números mas também da representação visual, esperam que a tomada de decisões futuras seja facilitada, permitindo uma maior representação de género e social das várias gerações como também a valorização de legados que não merecem ser esquecidos.

“Quando a representação é tão desigual e continuamos a ter ruas que homenageiam heróis do regime fascista ou heróis do colonialismo ao invés de representarem a sociedade de hoje em dia, estamos a escolher mal”, concluem João e Cláudio numa entrevista recentemente dada ao Público.

O projeto recebeu uma menção honrosa no The Pudding Cup -The best visual and data-driven stories of 2022  e promete dar mais que falar.

Foto: Adriano Miranda, Jornal Público

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