1984 Revisitado: Terá George Orwell sido um optimista?

Debate sobre a privacidade na era digital – 03/02, 14:30, online

 A obra prima de George Orwell «1984» que oferece hoje uma descrição quase realista do vastíssimo sistema de fiscalização em que passaram a assentar as democracias capitalistas. A eletrónica permite, pela primeira vez na história da humanidade, reunir nos mesmos instrumentos e nos mesmos gestos o trabalho e a fiscalização exercida sobre o trabalhador. O Big Brother já não é uma figura de estilo – converteu-se numa vulgaridade quotidiana.

É esta obra que servirá de inspiração para o Workshop promovido pelo Programa Doutoral em Media Digitais da U.Porto, a ter lugar online no dia 3 de fevereiro, pelas 14:30.

A tarde será dedicada à temática da privacidade na era digital e pretende abordar as suas múltiplas implicações na atualidade e perspetivar as futuras – nomeadamente no que diz respeito à transparência/opacidade dos sistemas digitais e a sua relação com a literacia digital, o capitalismo da vigilância, algoritmos de previsão, entre outros.

Para ajudar nesta reflexão, a sessão abrirá com uma palestra pelo Professor Luís Borges Gouveia (Universidade Fernando Pessoa/CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória»), a que seguirá uma mesa redonda com Amílcar Correia (Diretor-Adjunto do Jornal Público), Arlindo Oliveira (Presidente do INESC) e Filipe Vilas Boas (Artista).

O evento será realizado no Zoom https://bit.ly/35qpn9x, com transmissão em direto através do Youtube https://bit.ly/34lwLTl

Provas de Doutoramento em Media Digitais: ”Jogar o Museu: Uma framework para o design de jogos baseados em localização com realidade aumentada para espaços museológicos”

Requeridas por:
Maria Van Zeller de Macedo de Oliveira e Sousa

Data, Hora e Local
26 de janeiro, às 10h00, na Sala de Atos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Streaming: https://www.youtube.com/channel/UCvsg2ymeaHLRLbsGt67JmKw

Presidente do Juri
Doutor Carlos Miguel Ferraz Baquero-Moreno, Professor Catedrático da FEUP

Vogais
Doutor Pedro Júlio Enrech Casaleiro, Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra;
Doutora Teresa Isabel Lopes Romão, Professora Associada do Departamento de Informática da Faculdade de Ciência Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa;
Doutor Mário Jorge Rodrigues Martins Vairinhos, Professor Auxiliar do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro;
Doutora Paula Cristina Menino Duarte Homem, Professora Auxiliar do Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto;
Doutor António Fernando Vasconcelos Cunha Castro Coelho, Professor Associado com Agregação do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Orientador).

Gilberto Bernardes coordenará uma das disciplinas transversais criadas para ajudar a pensar “fora da caixa”.

A iniciativa da U.Porto, que arrancará já no próximo segundo semestre, pretende aproximar os estudantes a algumas das principais instituições culturais da cidade. A colaboração com a Casa da Música, o Teatro Nacional S. João, o Museu Nacional de Soares dos Reis e também com o Jardim Botânico e a Faculdade de Belas Artes, resultou na criação de unidades curriculares de competências transversais (3 ECTS), que os estudantes de licenciatura e mestrado, poderão acrescentar à sua formação base e enriquecer o seu percurso ao vivenciar os bastidores da atividade artística e cultural do Porto.

Música e Sociedade será a uc coordenada pelo Prof. Gilberto Bernardes, Professor Auxiliar do DEI/FEUP e Coordenador da Especialização Música Interativa e Design de Som do Mestrado em Multimédia da U.Porto, em colaboração com Óscar Rodrigues da Casa da Música, e será uma oportunidade para compreender e explorar a música em diferentes contextos socioculturais, em particular no contexto erudito e de intervenção comunitária, e refletir ativamente sobre a missão e desafios do tecido das indústrias criativas, com especial enfoque no ramo da criação musical.

A UC funcionará às sextas feiras, das 17:00 às 19:00, e terá como locais de formação a FEUP e a Casa da Música.

As candidaturas decorrem até 31 de janeiro e informação detalhada sobre estas uc’s podem ser vistas aqui e aqui.

Foto: Egidio Santos/U.Porto

Talk a Bit 2022 aborda o empreendedorismo tecnológico

Conferência organizada por estudantes da Faculdade de Engenharia decorre a 15 de janeiro e tem como tema central o empreendedorismo aplicado à tecnologia.

10.ª edição da conferência Talk a Bit, organizada por estudantes do Mestrado em Engenharia Informática e Computação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), acontece já no dia 15 de janeiro em formato exclusivamente online e vai ter como temática principal o empreendedorismo tecnológico, focando-se nas empresas e nos seus trajetos.

O programa do evento, que pretende promover a aprendizagem, discussão de ideias e socialização, conta com conversas e abordagens a diversas áreas do mundo da tecnologia, desde “Online Misinformation and Tech for Good” a “Sound for Hollywood”, incluindo ainda um debate sobre a criação de startups.

Entre a lista de oradores incluem-se nomes como os de Cipriano Sousa, CTO da Farfetch, Ruca Marques, CEO da Switch, Gilberto Loureiro, CEO da Smartex, start-up que ganhou a PITCH competition na Web Summit 2021, e Miguel Vicente, da Microsoft.

Além dos debates, a edição deste ano da Talk a Bit terá também workshops paralelos sobre “Blockchain & Smart Contracts” (por Miguel Palhas da Subvisual) e “From Code to Kubernetes” (por Ricardo Castro da Anova). Ambas as sessões têm lotação limitada de 30 participantes.

Os participantes terão ainda oportunidade de integrar o “Network a Bit”, que incentiva ao networking com as empresas, e a “Interviewing Session”, uma sessão de entrevistas com um dos patrocinadores do evento, destinada a quem submeteu o seu currículo no momento da candidatura.

As últimas edições da Talk a Bit – que decorreram em formato físico à exceção da edição de 2021 – contaram com cerca de 500 participantes.

Os bilhetes podem ser adquiridos aqui.

Por Mafalda Leite / FEUP  FOTO: DR

Alumnus da FEUP vence prémios de inovação tecnológica e transformação digital

Projeto de Roberto Vaz sobre a acessibilidade a museus para pessoas com deficiência visual foi distinguido pelo Instituto Nacional para a Reabilitação e pela APDSI.

Roberto Vazantigo estudante e bolseiro do Programa Doutoral em Media Digitais da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), foi o grande vencedor da edição deste ano do Prémio de Inovação Tecnológica Engenheiro Jaime Filipe, entregue pelo Instituto Nacional para a Reabilitação (INR). Simultaneamente, foi reconhecido com uma menção honrosa do Prémio de Transformação Digital, atribuído pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação.

Em ambos os casos, os prémios remetem para o trabalho final de doutoramento de Roberto Vaz relacionado com a falta de acessibilidade nas visitas a museus para pessoas com deficiência visual – cegueira ou baixa visão. A investigação aborda o uso de tecnologias assistivas e interativas em museus, contribuindo para a melhoria do acesso intelectual, sensorial e físico (mobilidade e orientação) durante a visita.

O objetivo do investigador passou pela criação de soluções que recorrem ao digital para promover a inclusão em ambientes que tendem a ser altamente visuais, como é o caso de museus e outros espaços de exposição. “A utilização destas novas tecnologias introduz perspetivas relevantes para o setor, o que pode levar à evolução positiva de experiências de visita até para o público em geral”, esclarece.

Com o intuito de potenciar uma sociedade mais inclusiva e participativa na cultura através de tecnologias de informação e comunicação, Roberto Vaz criou a solução tecnológica “I AM Visiting: Interactive, Accessible and Multisensory Museum Visits”, que foi já implementada e testada no Museu da Farmácia do Porto, no âmbito da exposição “Mistérios da Arte de Curar: Uma experiência multissensorial por 5000 anos de história”.

Esta dinâmica permite criar oportunidades de visitas espontâneas que garantem o acesso intelectual e experiências sensoriais em qualquer momento, contrariamente às habituais visitas organizadas com agendamento prévio em contexto de associações ou escolas para este público-alvo.

Recentemente, o alumnus da Faculdade de Engenharia aceitou o convite da Casa Comum da Universidade do Porto para o desenvolvimento da exposição acessível e interativa “José Rodrigues, o Guardador do Sol”, juntamente com os seus orientadores do Programa Doutoral: Diamantino Freitas e António Coelho, professores da FEUP. Uma experiência de entrada gratuita para tatear, ouvir e ver até 30 de dezembro de 2021, nas galerias da Casa Comum.

Sobre os prémios

Prémio de Inovação Tecnológica Engenheiro Jaime Filipe é uma iniciativa do Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., que visa distinguir trabalhos que se destaquem pela sua inovação tecnológica e que contribuam ao mesmo tempo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência.

Já a 1.ª edição do Prémio de Transformação Digital foi promovida pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação (APDSI), por ocasião dos seus 20 anos de existência, e pela ORACLE.

Tem como objetivo reconhecer e divulgar as melhores práticas de adoção e implementação das tecnologias de informação e comunicação (TIC), com vista a uma sociedade mais digital, sustentada por instituições públicas e privadas, mais eficiente e mais próxima do cidadão.

Por Mafalda Leite / FEUP   FOTO: DR

Provas de Doutoramento: ”New Strategies and User-Generated Content in the Public Service Media News in the Digital World – The Portuguese Case”

Candidato: Daniel dos Santos Catalão

Dia 15 de dezembro, às 14h30, Sala de Atos da FEUP

Presidente do Júri

Doutor António Fernando Vasconcelos Cunha Castro Coelho, Professor Associado com Agregação da FEUP

Vogais

Doutor Francisco Rui Nunes Cádima, Professor Catedrático (aposentado) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa;

Doutora Felisbela Maria Carvalho Lopes, Professora Associada com Agregação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho;

Doutora Catarina Sofia Lourenço Rodrigues, Professora Auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade dos Açores;

Doutor Fernando António Dias Zamith Silva, Professor Auxiliar do Departamento de Ciências da Comunicação e da Informação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Coorientador);

Doutor Sérgio Sobral Nunes, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Streaming via YouTube

Alumna da FEUP propõe narrativas interativas como terapia para o Alzheimer

Projeto de Maria João Alves recomenda alguns princípios orientadores para que narrativas interativas funcionem como um elemento terapêutico para pessoas portadoras da doença.

Transformar narrativas interativas em terapia cognitiva para doentes de Alzheimer. É este o mote da dissertação de Maria João Alvesantiga estudante do Mestrado em Multimédia da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), que aborda princípios orientadores para a criação de narrativas interativas com potencial para auxiliar os portadores da doença “a recuperar as suas histórias”.

O objetivo destas narrativas passa pela estimulação da cognição, memórias e orientação do paciente, procurando entender quais as memórias mais significativas a longo prazo. “Para evitar frustração e captar atenção é preciso conectar com estes doentes e perceber o que eles gostam e quais as suas aptidões para interagir com estas tecnologias.”, explica Maria João.

Segundo a alumna da FEUP, as narrativas interativas implicam uma história não-linear, com a qual um utilizador pode interagir e influenciar o rumo da mesma. Podem ser ferramentas interativas simples, onde o utilizador vai tomando decisões por uma personagem (de entre um conjunto de opções disponíveis), ou ferramentas mais complexas, utilizando tecnologia avançada e inteligência artificial para que a história se molde às decisões do utilizador.

“A construção de uma ferramenta com valor terapêutico implica não só o conhecimento sobre a doença e a tecnologia em separado, mas também a compreensão de como introduzi-la a este tipo específico de utilizadores que tem, na maioria das vezes, tanto a idade como défices cognitivos a interferir com a utilização de novas tecnologias.”, avança.

Com o intuito de otimizar o processo de escolha e criação de narrativas interativas a serem utilizadas por instituições e/ou investigadores no estudo e implementação do apoio terapêutico, Maria João Alves definiu um conjunto de princípios orientadores a partir de relatos de cuidadores e enfermeiros das áreas clínicas do Alzheimer e demências.

Após a recolha da informação mais relevante, a organização dos princípios foi delineada em três grandes vertentes – o doente, o cuidador e a ferramenta – que deverão ser aplicadas tendo em conta o contexto, a evolução da doença e as particularidades do paciente.

Este tipo de abordagem terapêutica é mais indicado para doentes em fases iniciais da doença, correspondendo a um estado leve a moderado da patologia. “O entendimento do cuidador sobre estas ferramentas também é importante, sendo que a presença de um acompanhante, o próprio cuidador ou um técnico especializado é aconselhada para um aproveitamento completo das potencialidades desta terapia.”, alerta a autora.

Já o processo de construção da narrativa interativa deverá ter em consideração o contexto geográfico e sociocultural do doente, ainda que existam áreas como a família, profissões e emoções que apresentam uma relevância generalizada. “Imaginemos que um portador da doença teve como primeira profissão a distribuição de pão. Uma narrativa interativa poderia implicar uma viagem por localidades em que já tenha trabalhado, recorrendo a música da época e a diálogos que incluam ditados populares.”, exemplifica Maria João.

A aplicação da ferramenta na estimulação cognitiva implica que o doente não se limite a apenas observar o desenrolar da história, interagindo a cada passo e sentindo que tem poder de decisão. As ações tomadas por ele, a par de diversas técnicas de multimédia que contribuem para a construção da narrativa, acabam por implicar treino cognitivo, incitando o contínuo exercício de memória.

O impacto da experiência pessoal na investigação

Mas há mais história para contar. A avó paterna de Maria João, também ela portadora da doença num estado já avançado, foi a grande razão pela qual a alumna decidiu estudar e compreender melhor a temática, encontrando soluções para um problema que tanto lhe dizia.

Para a autora, a decisão de avançar com o projeto surgiu da conjugação de dois grandes fatores: por um lado, o presenciar da evolução repentina da doença da sua familiar e, por outro, a sua paixão por ler, ouvir e contar histórias.

“Foi precisamente o roubo incontornável das suas histórias que me fez querer usar narrativas para tentar combater, nem que seja por momentos, o inevitável. Infelizmente, o estado da doença da minha avó não permite atrasar a progressão, mas talvez este trabalho motive outras pessoas a tentar ajudar outros doentes.”, conclui a antiga estudante do mestrado em Multimédia.

Por Mafalda Leite / FEUP   FOTO: DR

FEUP desenvolve estudo sobre a atenção audiovisual dos espectadores

Projeto recorreu à aplicação de tecnologia de localização da íris para desenvolver novas estratégias de sound design.

Identificar e estudar os fatores que contribuem para a atenção audiovisual dos espectadores. É este o propósito da atividade desenvolvida por três investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), no âmbito do projeto CHIC – Cooperative Holistic View on Internet and Content, um consórcio a nível nacional entre várias entidades ligadas à área dos media e da tecnologia.

Em parceria com o Centro de Computação Gráfica, através dos investigadores Emanuel Sousa e Frederico Pereira, e o INESC TEC, Inês SalselasRui Penha e Gilberto Bernardes recorreram à aplicação de uma tecnologia de localização da íris com o intuito de identificar pontos de interesse em representações visuais animadas e com múltiplas e diferentes condições de áudio, potenciando o desenvolvimento de novas estratégias de sound design.

“A questão que se colocou no decorrer da investigação prende-se com a cross-perception, influências e vieses na perceção audiovisual e na forma como a atenção é formadora da consciência humana”, avança Inês Salselas, antiga docente e investigadora da FEUP, instituição onde também concluiu a licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores.

Foi neste contexto de narrativas não lineares e audiovisuais que decorreu um estudo experimental que pudesse influenciar a atenção dos espectadores e amplificar a projeção e visibilidade de eventos audiovisuais.

Através da criação de novas abordagens de interação, como sincronismo de som e imagem, o projeto utilizou o áudio como âncora para afinar o foco visual de atenção do utilizador, algo que se torna difícil em ambientes com vídeos 360º e realidade virtual.

Os resultados do estudo, que originou um artigo científico publicado na revista Personal and Ubiquitous Computing, têm impacto direto no desenvolvimento de plataformas imersivas e, consequentemente, sobre estratégias a usar no sound design.

O objetivo é “conduzir, intencionalmente e de uma forma subliminar, um espectador para uma determinada narrativa, num ambiente não linear e imersivo”, como propõe Gilberto Bernardes, professor no Departamento de Engenharia Informática e doutorado em Media Digitais pela FEUP.

Dos desafios colocados pela equipa de investigadores ressalta uma verdade clara: a importância da coerência entre modalidades sensoriais e a correspondência emocional, aspetos estes críticos na implementação de estratégias bem-sucedidas de sound design.

22.07.21  Por Mafalda Leite / FEUP   FOTO: DR