A 2ª edição do Programa de Bolsas de Estudo Huawei Portugal voltou a premiar com €5000, 50 estudantes de várias universidades portuguesas, 14 dos quais pertencem à Universidade do Porto.
Nestes 14 vencedores encontramos Ana Beatriz Aguiar, João Gil Mesquita, Maria Beatriz Russo e Pedro Castro Correia, do Mestrado em Engenharia Informática e Computação (M.EIC) e Luís Filipe Gomes e Cláudio Prata Gomes do Doutoramento em Informática (MAP-i), curso conjunto das Universidades do Minho, Aveiro e Porto (FEUP (DEI) e FCUP (DCC)).
Depois de passarem pelas 3 fases da candidatura (preenchimento de formulário de candidatura, entrevista e vídeo de 2 minutos), os nossos estudantes provaram ser merecedores desta bolsa cujos destinatários são os estudantes que mais se destacam não só pelo seu percurso académico mas, também, e com grande peso, em iniciativas sociais (filantropia e/ou voluntariado), atividades relacionadas com empreendedorismo, associações e núcleos académicos, envolvimento em atividades desportivas e experiência profissional (full ou part-time).
Ana Beatriz Aguiar acredita que o seu envolvimento em atividades extracurriculares tenha sido bastante valorizado por demonstrar proatividade e ambição pelo desenvolvimento pessoal. “Em específico, acho que foi o facto de ter sido membro de uma júnior empresa, membro da direção do núcleo de informática e ter feito um estágio, o que mais se destacou no meu CV. O envolvimento em atividades desportivas e voluntariado foi mencionado no vídeo da 3ª fase e terá tido também o seu peso”, diz-nos a estudante que tem como objetivo utilizar o apoio da bolsa para conseguir fazer a tese com uma empresa (tecnologicamente aclamada) no estrangeiro. “Acredito que se aprende imenso ao trabalhar com profissionais de diversos países e pretendo absorver conhecimento de todas as fontes possíveis”. Ainda não sabe qual a área que irá prosseguir no futuro mas a sua ambição é desenvolver-se ao máximo para ter impacto digital quer seja em Inteligência Artificial, Cibersegurança ou Software.
João Gil Mesquita ambiciona contribuir no futuro para a evolução dentro das STEM através da investigação científica e trabalho na linha da frente de uma área em expansão, como a realidade virtual ou neurociência. Quanto à bolsa já sabe claramente o destino: um semestre de mobilidade na Hong Kong University of Science and Technology. “Uma das principais razões para a escolha deste destino foi o prestígio da universidade e a oferta de cadeiras que despertaram o meu interesse. Outro fator decisivo foi o desejo de conhecer uma cultura completamente diferente e que por vezes se encontra isolada da nossa. Adicionalmente, intenciono usar uma parte da bolsa para financiar alguns projetos pessoais na área de neurociência, de modo a obter algum conhecimento prático para complementar os cursos online que realizei anteriormente” conta-nos João que acredita que foram vários os fatores que distinguiram a sua candidatura: atividades extracurriculares, experiência de trabalho em 2 empresas diferentes (Smartex.ai e Critical Software) e a criação da sua própria empresa de realidade virtual em parceria com o seu irmão, a VRPortal, a primeira empresa de realidade virtual em Portugal.
Maria Beatriz Russo ficou com vontade de concorrer ao programa da Huawei desde a 1ª edição e agarrou a oportunidade assim que soube da abertura das candidaturas da 2ª edição. Quando questionada sobre o impacto da bolsa no seu percurso, Beatriz não hesita em nos dizer que irá utilizar o dinheiro da bolsa para realizar o programa Erasmus+ na Eslovénia pois acredita que será uma experiência extremamente enriquecedora a nível cultural, pessoal e profissional, e que irá alargar a sua rede de contactos com todas as vantagens associadas. A estudante, com um curriculum bastante preenchido em várias áreas, acredita que pertencer à direção do NIAEFEUP como cocoordenadora de eventos, ser senior developer e team leader na JuniFEUP, ter estado envolvida como voluntária na reconstrução de casas no Just a Change e ter realizado um estágio em Machine Learning na NilgAI, a motivaram a superar-se inspirada por todas as pessoas que foi conhecendo. Considera que com trabalho, empenho, organização e, não menos importante, com equilíbrio entre trabalho e descanso, tudo é possível.
É sua vontade terminar o Mestrado em Engenharia Informática e Computação e a seguir trabalhar em algo onde sinta que está a fazer realmente a diferença pois acredita que a tecnologia é capaz de resolver vários desafios, muitos deles sociais e ambientais. Termina dizendo “como mulher num campo em que a presença masculina é tão forte, gostaria de, com o meu percurso, inspirar outras mulheres e encorajá-las a entrar neste mundo tecnológico, pois após ter conhecimento que, por um estudo feito pela McKenzie, o PIB de UE aumentaria até 600 mil milhões de euros se o dobro das mulheres entrasse neste campo, acredito que somos capazes de muito mais do que se pensa!”.
Pedro Castro Correia concorreu na 1ª edição do programa e não tendo sido selecionado, decidiu concorrer novamente. À segunda foi de vez e Pedro conta-nos o impacto que a bolsa terá a curto e médio prazo:
“A bolsa será sem dúvida uma grande mais valia. Para já, comprar um portátil novo o que irá aumentar a minha produtividade nos trabalhos e nos projetos, uma vez que o meu é substancialmente antigo. Também pondero usá-la para participar em escolas de verão, workshops ou conferências que me venham a suscitar interesse e que poderão ser benéficas para a minha aprendizagem e futuro, nomeadamente na área do processamento de linguagem natural”. Acredita que o que foi mais valorizado na sua candidatura foram as participações em projetos externos à faculdade, como a criação de uma ferramenta que automatiza a geração de relatórios estatísticos de redes sociais para uma empresa de marketing e comunicação e o desenvolvimento (pro bono) de um programa para a Unidade de Saúde pública de Matosinhos, que automatiza a emissão de declarações para efeito de isolamento profilático, contribuindo significativamente para eficiência desta unidade durante a pandemia COVID-19 onde, antes desta ajuda, o atraso na emissão chegava a ser superior a um mês. Muito contribuiu também o seu gosto por explicar, tendo sido monitor de uma uc e explicador de matemática no ensino secundário e superior, e o interesse pela investigação na área do processamento de linguagem com uma consequente atribuição de bolsa de iniciação à investigação nesta área.
Quanto ao futuro, Pedro ainda não tem a certeza sobre o que vai fazer profissionalmente mas, independentemente do caminho que escolha, deseja acima de tudo criar impacto à sua volta e sentir que está a ajudar alguém. Presentemente está a desenvolver com outros colegas uma ferramenta de gestão e geração automática de horários, uma ideia que originalmente surgiu a pedido do centro hospitalar do médio ave, no contexto de uma unidade curricular, e que está agora a ser trabalhada para outros setores.
Luís Filipe Gomes acredita que a valorização da sua candidatura dependeu em grande parte do seu percurso académico bem sucedido, da experiência profissional obtida em vários estágios na indústria bem como a dedicação ao desporto (futebol e kickboxing) e a participação em atividades musicais. Luís pretende terminar o seu doutoramento (sob a orientação do docente do DEI Rui Maranhão), publicando a sua investigação e divulgando o que melhor se faz em Portugal a nível tecnológico e, a longo prazo, continuar com as parcerias com a indústria e eventualmente ingressar pelo mundo do empreendedorismo na sua área de especialização. Quando lhe perguntamos sobre o impacto da bolsa no seu percurso, Luís diz-nos “ Como estudante da CMU Portugal, poderei visitar os EUA e a Carnegie Mellon com mais frequência, trabalhando em investigação e participando em workshops e conferências. Além disso, usarei os recursos para comprar o material necessário para os meus estudos, o que aumentará a minha experiência de aprendizagem e me ajudará a alcançar os meus objetivos académicos”.
Cláudio Prata Gomes considera ter tido sorte tendo em conta que se candidatou na última semana do prazo de candidaturas, quando teve conhecimento, através de um amigo, sobre este programa de bolsas. Cláudio acredita que o seu envolvimento na CMU Portugal foi a bandeira do seu CV, visto ser um programa desafiante e enriquecedor que confere duplo grau em doutoramento, um pela Universidade do Porto, e o outro pela Carnegie Mellon University. Para a candidatura bem sucedida contribuíram também, na sua opinião, a forte competência em empreendedorismo e alguma experiência profissional em estágios e júnior empresas. Quando questionado sobre o impacto da bolsa, Cláudio diz-nos que este valor lhe permitirá adquirir equipamento e participar em mais eventos científicos como conferências e workshops, mantendo-se assim atualizado numa área em constante evolução.
“Eu tenho a ambição de no final da minha etapa atual com a CMU Portugal, estabelecer uma empresa, nem que seja depois de um período na indústria a adquirir experiência profissional. A minha investigação na academia passa pela utilização de computadores quânticos e também por algoritmos para resolver problemas de otimização de larga escala, focados na realidade complexa da indústria. Ficaria muito feliz em poder utilizar os meus interesses na investigação para responder a necessidades reais da indústria”, conclui o estudante que está a ser orientado pelo docente do DEI, João Paulo Fernandes.
Diogo Madeira da Silva, Director and Head of Public Affairs, Communications and CSR da Huawei em Portugal, refere que a Huawei tem uma história de investimento na área da educação que fala por si e refere-se concretamente ao programa Seeds for the Future, que tem permitido aos estudantes de engenharia portugueses conhecer a Huawei e aprender com os seus engenheiros, ao programa ICT Academy, no âmbito da qual têm vindo a assinar protocolos de cooperação e transferência de conhecimento com universidades portuguesas, ao SmartBus, uma iniciativa dirigida às crianças mais novas e, obviamente a este Programa de Bolsas de Estudo Huawei cujo investimento foi já de €500 000, com a atribuição de 100 bolsas a estudantes portugueses. Referindo-se a este último, Diogo Madeira da Silva afirma que existe uma grande vontade de contribuir para a diminuição das desigualdades de género na indústria das TIC, pelo que metade destas bolsas foram atribuídas a estudantes do género feminino.
Luísa Ribeiro Lopes, Presidente da .PT, parceira da iniciativa concorda com esta visão e afirmou recentemente à Forbes Portugal que “mais do que uma questão de direitos humanos – que seria por si só suficiente –, esta discriminação positiva na atribuição de metade das bolsas a mulheres é uma questão de valorização económica, social e competitiva para o país”.