ADN LEIC no Nobel de Química de 2024

Hugo Penedones, o português que esteve envolvido no arranque de um projeto que acabou por ser reconhecido com um prémio Nobel, e de quem se tem falado muito, não é para nós um português desconhecido.

Hugo, natural de Chaves, vindo da escola secundária Dr. Júlio Martins, frequentou e concluiu a LEIC – Licenciatura em Engenharia Informática e Computação (celebrou este ano 30 anos desde a sua criação), num percurso de 5 anos (2000 a 2005), tendo acabado a LEIC com o reconhecimento de melhor estudante do curso desse ano de conclusão.

Esteve quatro anos na Google DeepMind (London, UK) e foi neste período que integrado na equipa inicial do projeto Alphafold contribuiu para um modelo inicial de inteligência artificial que previa a estrutura das proteínas do qual resultou o artigo “Improved protein structure prediction using potentials from deep learning”, publicado na Nature em janeiro de 2020, em co autoria com os agora galardoados com o Prémio Nobel da Química, John M. Jumper e Demis Hassabis (entre outros autores).

O modelo Alphafold foi sendo desenvolvido ao longo dos últimos anos “conseguindo prever a estrutura de praticamente todos os 200 milhões de proteínas que os investigadores identificaram. Desde a sua descoberta foi utilizado por mais de dois milhões de pessoas de 190 países. Entre uma miríade de aplicações científicas, os investigadores podem agora compreender melhor a resistência aos antibióticos e criar imagens de enzimas que podem decompor o plástico. A vida não poderia existir sem proteínas. O facto de podermos agora prever as estruturas das proteínas e conceber as nossas próprias proteínas confere o maior benefício à humanidade”, pode ler-se no press release do The Nobel Prize.

O Prémio Nobel da Química 2024 foi atribuído a 9 de Outubro a David Baker pela proeza quase impossível de construir tipos de proteínas totalmente novos e a Demis Hassabis e John Jumper conjuntamente, por desenvolverem um modelo de IA para resolver um problema com 50 anos: prever as estruturas complexas das proteínas.

Nos discursos de Demis Hassabis e John Jumper, transcritos abaixo por esta ordem, fica claro que este feito se deve a todos os membros de equipas passadas e presentes que através do seu trabalho excecional tornaram possível este resultado. O entusiamo e curiosidade de Hugo Penedones, recordado aqui na sua intervenção no Commit 2018 (evento organizado anualmente pela AlumniEI), é prova que este reconhecimento também é seu. 

“Receiving the Nobel Prize is the honour of a lifetime. Thank you to the Royal Swedish Academy of Sciences, to John Jumper and the AlphaFold team, the wider DeepMind and Google teams, and to all my colleagues past and present that made this moment possible. I’ve dedicated my career to advancing AI because of its unparalleled potential to improve the lives of billions of people. AlphaFold has already been used by more than two million researchers to advance critical work, from enzyme design to drug discovery. I hope we’ll look back on AlphaFold as the first proof point of AI’s incredible potential to accelerate scientific discovery.”

“Thank you to the Royal Swedish Academy of Sciences for this extraordinary honor. We are so honored to be recognized for delivering on the long promise of computational biology to help us understand the protein world and to inform the incredible work of experimental biologists. It is a key demonstration that AI will make science faster and ultimately help to understand disease and develop therapeutics. This is the work of an exceptional team at Google DeepMind and this award recognizes their amazing work.

Computational biology has long held tremendous promise for creating practical insights that could be put to use in real-world experiments. AlphaFold delivered on this promise. Ahead of us are a universe of new insights and scientific discoveries made possible by the use of AI as a scientific tool. Thank you to my colleagues over the years, for making possible this moment of recognition, as well as the many moments of discovery that lie ahead.”

Atualmente Hugo Penedones é o cofundador e diretor de tecnologia (CTO) da Inductiva.AI, uma startup portuguesa que disponibiliza uma interface de desenvolvimento de aplicações (API) que permite a laboratórios de investigação e empresas usarem os algoritmos de IA da startup para executar simulações. São inúmeras as utilizações da tecnologia Inductiva que vão desde desenho de medicamentos, a peças para a indústria aeroespacial e engenharia mecânica, à otimização de rotas entre muitas outras. No final do ano passado a startup que para além de Hugo Penedones conta com os outros dois co-fundadores na Direção, Luís Sarmento (Alumnus ProDEI) como Diretor Executivo e Clara Gonçalves como Diretora de Operações, conseguiu um investimento de 2,25 milhões de euros que lhes tem permitido investir em nova tecnologia e expandir a base de clientes.

Docentes do DEI no ranking dos cientistas mais citados do mundo

Já se encontram disponíveis os mais recentes dados da “World’s Top 2% Scientists list” que classifica anualmente os cientistas mais citados a nível mundial de acordo com a SCOPUS, a maior base de dados mundial de resumos e citações de publicações científicas.

A U.Porto conta com 182 investigadores nesta lista onde encontramos dois docentes do DEI, João Cardoso e Rui Maranhão (publica como Rui Abreu).

A notícia completa pode ser vista em Notícias U.Porto.

30 anos de Engenharia Informática e Computação na FEUP – 30 anos de Engenharia com Alma

Em 2024 celebramos 30 anos desde a criação da LEICLicenciatura em Engenharia Informática e Computação na FEUP, um curso que começou sob a forma de uma Licenciatura de 5 anos pré-Bolonha (LEIC) em 1994/95, passando a Mestrado Integrado de 5 anos (MIEIC) a partir de 2006/07 e a cursos separados de Licenciatura de 3 anos (L.EIC – curso conjunto com a FCUP) e Mestrado de 2 anos (M.EIC) a partir de 2021/22, formato que se mantém na atualidade.

Este é um bom momento para recordar as características inovadoras da LEIC aquando do seu arranque em 1994, nomeadamente ter sido o primeiro curso de licenciatura na FEUP, interdepartamental e interdisciplinar, dotado de órgãos de gestão específicos compostos por docentes de vários departamentos, requisito apresentado na proposta de criação como essencial e determinante pelos seus criadores.

A proposta nasce em 1993, no seguimento de um fim de semana de reflexão no Hotel Boega, Vila Nova de Cerveira, no início de janeiro, com a presença de Ademar Aguiar, João Falcão e Cunha, João Pascoal Faria, João Vasco Ranito, José Correia, José Manuel Moreira e Raul Moreira Vidal, na altura investigadores do INESC Porto. A proposta de criação da LEIC, subscrita pelos Professores João Falcão e Cunha e Raul Moreira Vidal, foi apresentada ao então Diretor da FEUP, Prof. José Marques dos Santos, vindo a receber o seu apoio total, nomeadamente a assunção do cargo de Diretor da LEIC de 1994 a 2001. 

Foram anos de muito trabalho, de disrupção, de apostas ganhas, comprovadas pela Avaliação da Comissão Externa designada pela Fundação das Universidades Portuguesas (FUP) que em 2001 classificou a LEIC em 1º lugar do ranking de todos os cursos congéneres em Portugal, nesta que foi a 1ª avaliação do curso. No relatório desta avaliação pode ler-se “… cabe esclarecer que o ensino da informática em Portugal se encontra de boa saúde e que essa saúde melhorou, mais ainda, desde que se realizou o 1º ciclo de avaliações.”, o que nos faz concluir que a LEIC veio trazer um contributo muito significativo ao ensino da Engenharia Informática no nosso país.

E foi este ensino de qualidade que sempre distinguiu o curso ao longo destes 30 anos, dotando os estudantes não só de excelente formação técnica como também de formação transversal, altamente valorizada pelas entidades empregadoras que sempre reconheceram o selo de qualidade nos graduados da EIC da FEUP. Raul Moreira Vidal, cocriador da LEIC e seu diretor de 2001 a 2008, ano em que assume a direção do Departamento de Engenharia Informática (DEI), criado em 2008, está certo que “algumas das principais razões para os grandes sucessos registados na evolução do curso, advêm, fundamentalmente, da qualidade e cuidado que houve no acompanhamento do curso, da qualidade na direção/coordenação do curso, e da qualidade do corpo docente e  secretariado.”

Olhando agora para o futuro, e para todos os desafios inerentes à rápida evolução tecnológica, João Paiva Cardoso, atual Diretor do DEI, refere que “30 anos reforçam o nosso compromisso e aumentam a nossa responsabilidade. É um momento de comemoração e também de desejos para que continuemos a melhorar a nossa capacidade para um ensino de EIC, único e pleno, que nos permita continuar a formar os engenheiros informáticos do futuro.”

A celebração

Decorridos 30 anos e mais de 2600 graduados, é altura de celebrar os muitos feitos alcançados e olhar para o futuro de forma otimista.

E foi em ambiente de festa que nos passados dias 27 e 28 de setembro se comemorou este marco dos 30 anos EIC no Auditório José Marques dos Santos (com transmissão online),  juntando a grande família EIC – alumni, docentes, staff, atuais estudantes, parceiros da indústria e outras instituições, num total de mais de 300 participantes, num evento coorganizado com a AlumniEI (Associação de Antigos Alunos de Engenharia Informática da FEUP, formalmente criada em 2005). 

O programa abriu com Renato Natal Jorge (Subdiretor da FEUP) e João Paiva Cardoso (Diretor do DEI), seguido de uma apresentação do programa pelo Presidente da Comissão Organizadora, João Pascoal Faria, uma apresentação sobre a evolução e situação atual do curso, por Rosaldo Rossetti, Codiretor da L.EIC e uma apresentação sobre a comunidade alumni no mundo, pelo Presidente da AlumniEI, José Coutinho.

Neste momento do programa foram conhecidos os dois projetos desenvolvidos no âmbito desta comemoração. O projeto “EIC Timeline”, desenvolvido pela equipa de LGP “OpenTabs”, onde podemos explorar os momentos históricos que moldaram a Engenharia Informática na Universidade do Porto e o projeto “AlumniEI World”, iniciativa conjunta DEI-FEUP/AlumniEI, que contou no desenvolvimento com Jénifer Constantino (MESW 2024) e como Consultores José Coutinho e Rui Neves, uma ferramenta baseada em dados LinkedIn que permite saber a localização/empresa atuais dos Alumni EIC e uma pesquisa por país, curso e ano de conclusão. Um projeto ongoing que ambiciona ter cada vez mais antigos estudantes a aderir e que terá continuidade em duas dissertações de mestrado.

Ao longo do dia dinamizaram-se duas mesas redondas de testemunhos Alumni que nos falaram dos seus percursos profissionais, onde pudemos testemunhar a variedade de percursos e opções de quem começa do mesmo ponto de partida.

Frederico Câmara (Alts Digital), Felipe Ávila da Costa (Infraspeak), Tiago Azevedo (Universidade de Cambridge), Margarida Silva (AWS), Sofia Sá (Alumna L.EIC), Tiago Fernandes (Coverflex), Pedro Côrte-Real (MC Sonae), Sónia Liquito (Spotify), Rui Gonçalves (Meta) e Mariana Salvaterra (Zühlke Group) subiram ao palco e de viva voz partilharam as suas experiências, as suas histórias individuais, as suas dificuldades e os seus sucessos, em dois painéis moderados por Rui Rodrigues (Diretor do M.EIC), de manhã, e Carla Teixeira Lopes (Diretora do MCI e uma das primeiras diplomadas da LEIC), da parte da tarde.

Ainda de tarde, Clara Gonçalves (Inductiva.AI) juntou em mesa redonda Inês Lynce (IST/UL & INESC-ID), José Nuno Oliveira (UMinho & ENSICO), João Ranito (Investidor Hands-on) e Gonçalo Quadros (Critical Software), trazendo para o debate tópicos sobre o que poderão ser os “Próximos 30 anos de EIC”.

Abrilhantaram o programa dois momentos musicais que trouxeram alegria à plateia. Sofia Sá, que integrou o primeiro painel do dia com o seu testemunho, incluiu no repertório que levou ao auditório uma canção de sua autoria composta especialmente para esta comemoração. “Engenharia Informática” é uma consequência das vivências dos 3 anos de curso, vivências que segundo Sofia “ficarão para a vida”. A TUNAFE encerrou o programa com uma atuação de alegria contagiante, a que já nos habituaram ao longo dos anos. Foram muitas as caras conhecidas de Informática que para além do computador carregam diariamente o amor pela música e pela tuna.

O encerramento esteve a cargo de Raul Moreira Vidal, Professor Emérito do DEI/FEUP e de Alberto Silva, Secretário de Estado da Modernização e da Digitalização.

Do auditório para o relvado (aquele onde há 10 anos cresce a árvore plantada na celebração dos 20 anos da EIC), os participantes terminaram a noite da melhor forma, em jantar-convívio informal onde conversas e memórias trouxeram sorrisos e prometeram novos reencontros.

A acompanhá-los tiveram a atuação da banda portuense Júpiter, com disco funk à moda do Porto e TECHUMAN, uma instalação audiovisual desenhada pelo Openfield Creative Lab que explora a relação simbiótica e em constante transformação entre tecnologia e humanidade.

E claro, não faltou um bolo de aniversário, espumante e brindes à longa vida da Engenharia Informática da FEUP.

A festa continuou no sábado, dia 28, num evento “Meet&Grill” organizado pela direção da AlumniEI com o objetivo de juntar os antigos estudantes dos vários cursos de Engenharia Informática num momento de atividades e convívio entre várias gerações da EIC, oportunidade de pôr a conversa em dia, conhecer novas pessoas e fazer planos futuros.

E por falar em futuro, convidamos à leitura de “A Luneta de Clarke”, um texto escrito por Fátima Vieira, Vice-Reitora da Universidade do Porto para a Cultura e Museus, no âmbito desta Celebração.

Este evento contou com o patrocínio e apoio de vários parceiros mencionados na página do evento.

A gravação integral do evento pode ser vista aqui.

DEI Talks | “Accelerating Implicit Mechanics” por Robert F. Lucas

“Historically, the run time of implicit mechanics has been dominated by the time required to solve a large sparse linear system. The default solver is a multifrontal sparse matrix factorization, which will reliably solve ill conditioned, indefinite problems. The multifrontal method turns a sparse matrix factorization into a directed acyclic graph of smaller, dense “frontal” matrix factorizations, and these can be accelerated using Graphics Processing Units. As the number of processors used grows into the thousands, reordering the sparse matrix to reduce the storage and operations required to factor it, is the emerging computational bottleneck. Reordering is NP-complete, and in computational mechanics the preferred heuristic is nested dissection, i.e., recursive graph partitioning. Finding a balanced min cut is NP-hard, and classical codes such as ParMetis have limited parallel scaling. This talk will also discuss on-going work to explore a new generation of specialized devices for solving optimization problems. These include the D-Wave adiabatic quantum annealer, so called Silicon annealers produced by Fujitsu and Toshiba, the LightSolver Laser Processing Unit. The Digital Annealer is a dedicated chip that uses non-von Neumann architecture to minimize data movement in solving combinatorial optimization problems.”

“Accelerating Implicit Mechanics” será apresentada dia 10 de outubro, às 15:00, na sala Vasco Sá (L119) – Sala de Atos do Departamento de Engenharia Mecânica.

“Dr. Robert F. Lucas received his BSc, MSc, and PhD degrees in Electrical Engineering from Stanford University in 1980, 1983, and 1988 respectively. He is currently an Ansys Fellow where he is responsible for the default multifrontal linear solver used in LS-DYNA and MAPDL. Previously, he was the Operational Director of the University of Southern California (USC) – Lockheed Martin Quantum Computing Center. Before joining USC, he was the Head of the High-Performance Computing Research Department in the National Energy Research Scientific Computing Center (NERSC) at Lawrence Berkeley National Laboratory and before that the Deputy Director of DARPA’s Information Technology Office. From 1988 to 1998 he was a member of the research staff of the Institute for Defense Analyses’s Center for Computing Sciences. From 1979 to 1984 he was a member of the Technical Staff of the Hughes Aircraft Company.”

Nota: Esta palestra é precedida de uma outra direcionada para a Engenharia Mecânica e centrada na utilização do ANSYS/LS-DYNA para modelação e simulação, pelo mesmo orador, às 14h00, na mesma sala, intitulada “An Industrial Grand Challenge”, a para a qual também estão convidados.

Provas de Doutoramento em Engenharia Informática: ”Enhanced multiview experiences through remote content selection and dynamic quality adaptation”

Candidato
Tiago André Queiroz Soares da Costa

Data, Hora e Local:
16 de setembro, às 14:30, na Sala de Atos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Presidente do Júri:
Doutor Carlos Miguel Ferraz Baquero-Moreno, Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Vogais:
Doutora Klara Nahrstedt, Full Professor do Department of Computer Science da University of Illinois at Urbana-Champaign, Estados Unidos da América;
Doutor Pedro António Amado de Assunção, Professor Coordenador Principal do Departamento de Engenharia Eletrotécnica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria;
Doutor Luís António Pereira de Meneses Corte-Real, Professor Associado do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;
Doutora Maria Teresa Magalhães da Silva Pinto de Andrade, Professora Auxiliar do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Orientadora).

Resumo:
Esta tese propõe uma abordagem inovadora para a distribuição de experiências multimédia imersivas, baseadas em conteúdos multivista. Para que tal seja possível, modelos baseados em Inteligência Artificial são utilizados em conjunto com dados de comportamento visual, recolhidos a partir dos utilizadores durante a apresentação de conteúdos multimédia, de modo a que seja possível prever o seu foco de interesse no futuro próximo. O principal objectivo desta tese consiste em dar aos utilizadores a possibilidade de desfrutarem de uma experiência multimédia imersiva, sem o recurso a equipamentos dispendiosos e permitindo que ele/ela possam visualizar a cena a partir de qualquer ângulo, como se estivessem efectivamente no local onde essa cena foi filmada. Uma abordagem metodológica foi definida com base na revisão da literatura existente e na identificação de lacunas presentes na área de streaming imersivo, tendo resultado na conceptualização de uma nova arquitectura, denominada por Smooth Multiview (SmoothMV). Esta arquitectura é capaz de analisar os dados de comportamento visual dos utilizadores em tempo real e preparar preventivamente a entrega dos conteúdos, com base no interesse demonstrado ao longo da visualização de uma cena. A informação visual dos utilizadores é capturada e fornecida sem que haja necessidade de utilização de equipamentos intrusivos, sendo estes dados processados recorrendo a um novo conceito que esta tese descreve, a matriz Hot&Cold. Segundo este conceito, o ecrã encontra-se dividido em nove regiões distintas, estando cada uma delas ligada a uma vista adjacente que a plataforma SmoothMV poderá preparar e apresentar em qualquer instante. Filas individuais, alocadas para apresentação e preparação de futuros segmentos associados a cada uma das vistas seleccionada, foram também introduzidas nesta plataforma. A introdução destas filas permite que a experiência do utilizador não seja comprometida, fruto da entrega de conteúdos com o menor atraso possível. O número total de vistas disponíveis, bem como a abordagem utilizada para a análise do comportamento dos utilizadores durante a visualização dos conteúdos e posterior selecção da vista a ser processada, afecta o modo como essas filas são geridas. A plataforma elaborada no decurso desta tese evoluiu de uma abordagem puramente reativa para uma arquitectura bipartida baseada em Inteligência Artificial, capaz de identificar com elevado grau de precisão qual a vista que melhor se adaptará aos interesses visuais do utilizador. O desenvolvimento de um novo conjunto de dados tratou-se de uma necessidade, dado que a informação disponibilizada por opções alternativas não eram adequadas ao cenário proposto. Após 128 sessões experimentais, conduzidas para recolha de dados visuais a partir de 45 participantes durante a visualização de conteúdos multi-perspectiva, o conjunto de dados Data2MV foi criado e disponibilizado publicamente. Os conceitos fundamentais e resultados práticos desta tese são considerados de importância significativa para o corpo de conhecimento da área de investigação em causa e fornecem um conjunto de ferramentas relevantes para o aperfeiçoamento das arquitecturas de distribuição de conteúdos multimédia multivista.

Palavras-chave: Multimédia; Transmissão; Multivista; Foco de Atenção; Inteligência Artificial.

DEI Talks | “The Limitations of Data, Machine Learning & Us” pelo Prof. Ricardo Baeza-Yates

“Machine learning (ML), particularly deep learning, is being used everywhere. However, not always is used well, ethically and scientifically. In this talk we first do a deep dive in the limitations of supervised ML and data, its key component. We cover small data, datification, bias, predictive optimization issues, evaluating success instead of harm, and pseudoscience, among other problems.  The last part is about our own limitations using ML, including different types of human incompetence: cognitive biases, unethical applications, no administrative competence, copyright violations, misinformation, and the impact on mental health. In the final part we discuss regulation on the use of AI and responsible AI principles, that can mitigate the problems outlined above.”

The Limitations of Data, Machine Learning & Us” será apresentada dia 10 de setembro, às 11:00, na sala B032. A entrada é livre mas sujeita a inscrição aqui.

Ricardo Baeza-Yates is the Director of Research at the Institute for Experiential AI of Northeastern University, as well as part-time professor at the Dept. of Computer Science of University of Chile. Before, he was VP of Research at Yahoo Labs, based in Barcelona, Spain, and later in Sunnyvale, California, from 2006 to 2016. He is co-author of the best-seller Modern Information Retrieval textbook published by Addison-Wesley in 1999 and 2011 (2nd ed), that won the ASIST 2012 Book of the Year award. From 2002 to 2004 he was elected to the Board of Governors of the IEEE Computer Society and between 2012 and 2016 was elected for the ACM Council. In 2009 he was named ACM Fellow and in 2011 IEEE Fellow, among other awards and distinctions. He obtained a Ph.D. in CS from the University of Waterloo, Canada, and his areas of expertise are responsible AI, web search and data mining plus data science and algorithms in general.”

Candidaturas abertas ao Prémio Prof. Doutor Raul Vidal/Deloitte

Decorre desde o dia 19 de julho o período para submissão de candidaturas ao Prémio Prof. Doutor Raul Vidal/Deloitte. Os estudantes do Mestrado em Engenharia Informática e Computação e do Mestrado em Engenharia de Software podem concorrer até dia 31 de agosto ao Prémio que está agora na sua 3ª edição.

Este prémio destina-se a agraciar anualmente um recém-graduado de um destes cursos da FEUP que se tenha distinguido em atividades curriculares, pela qualidade e inovação dos trabalhos realizados no âmbito da Engenharia de Software, pelo envolvimento em atividades de apoio a outros estudantes, nomeadamente em atividades associadas a núcleos estudantis da FEUP e ainda pelo envolvimento em iniciativas de caráter social e solidário.

O Prémio foi proposto pela Deloitte, com o apoio da FEUP, por intermédio do DEI, com o objetivo de homenagear o Professor Emérito da U.Porto como reconhecimento de todo o seu trabalho ao serviço da FEUP na área da informática, que se tem traduzido na projeção da FEUP a nível nacional e internacional e na preparação de elevada qualidade dos seus estudantes para o mercado de trabalho, fazendo com que a FEUP seja inquestionavelmente uma das principais escolas com um ensino de excelência a nível tecnológico.

Toda a informação sobre o processo de candidatura e regulamento podem ser consultados em: Prémio Prof. Doutor Raul Vidal – DEI – Departamento de Engenharia Informática (up.pt)

FC Portugal a grande vencedora da RoboCUP 2024

O Genneper Parken em Eindhoven foi o palco escolhido para a edição 2024 da RoboCUP, o evento mais emocionante do mundo dos robôs autónomos. A equipa conjunta das Universidades do Porto e de Aveiro, FC Portugal, sagrou-se nesta competição, tricampeã de Futebol Robótico Simulado. A final disputada com a equipa alemã magmaOffenburg teve um resultado de 5-3 para a FC Portugal, um resultado que reforça a qualidade da equipa portuguesa, altamente eficaz e coesa.

Para esta vitória, contribuiu uma equipa de finalistas da L:IACD – Licenciatura em Inteligência Artificial e Ciência de Dados, curso conjunto das Faculdades de Ciências (FCUP) e Engenharia (FEUP) da Universidade do Porto. Tomás Azevedo e Francisco Gomes da Silva estiveram presentes nesta final da Liga de Simulação 3D – Humanoides.

A vitória no RoboCup 2024 é fruto de metodologias de Machine Learning (ML) e Deep Reinforcement Learning (DRL) no treino dos agentes robóticos e que integram as temáticas abordadas na L:IACD. O ML permite que os robôs aprendam e melhorem o seu desempenho com base em dados e experiências anteriores, enquanto o DRL foca-se em ensinar os robôs a tomar decisões ótimas através da interação com o ambiente de simulação.

No contexto da Liga de Simulação 3D, estas técnicas foram essenciais para o desenvolvimento de agentes capazes de desempenhar tarefas complexas tais como a coordenação de equipa, estratégia de jogo, skills individuais avançados (tais como o remate, sprint e drible). Os robôs da FC Portugal foram treinados para aprender autonomamente e otimizar o seu comportamento de forma contínua, resultando numa equipa ganhadora, que venceu também o Desafio Científico (melhor contribuição inovadora para o progresso desta liga) e o Desafio “FatProxy” (simulação de humanóides através de comandos de alto nível do tipo “move” e “kick” em vez de controlo direto dos vários graus de liberdade).

O sucesso desta equipa é comprovado com os 30 prémios internacionais alcançados, tendo inspirado a publicação de mais de 100 artigos científicos em revistas e conferências indexadas.

O Brasil será o próximo destino da RoboCUP que de 15 a 21 de julho de 2025 levará a Salvador os entusiastas mundiais desta competição.

Toda a informação em: https://2024.robocup.org/

Foto: Bart van Overbeeke

Provas de Doutoramento em Media Digitais: “Narrative in Interactive Documentary: a Categorisation Framework”

Candidata
Ana Sofia Airosa Coelho de Passos Baptista

Data, Hora e Local
23 de julho, às 14:30, na Sala de Atos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Presidente do Júri
Doutor António Fernando Vasconcelos Cunha Castro Coelho, Professor Associado com Agregação do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Vogais
Doutor Paulo Filipe Gouveia Monteiro, Professor Catedrático do Departamento de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa;
Doutora Manuela Maria Fernandes Penafria, Professora Associada do Departamento de Artes da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior;
Doutora Patrícia Nogueira da Silva, Professora Auxiliar do Departamento de Artes da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior;
Doutor José Manuel Pereira Azevedo, Professor Catedrático do Departamento de Ciências da Comunicação e da Informação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Orientador);
Doutor Hugo Daniel da Silva Barreira, Professor Auxiliar do Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Resumo
O Documentário Interativo oferece formas inovadoras de contar histórias baseadas na realidade, alcança mais facilmente públicos amplos e a sua acessibilidade, garantida pela Internet, é aparentemente duradoura. No entanto, rapidamente percebemos que as suas possibilidades são acompanhadas por igual número de obstáculos. Além de um sistema de produção mais complicado, envolvendo profissionais com competências tecnológicas, de um modelo de negócio adaptado à distribuição na web e do problema da obsolescência tecnológica, a narrativa interativa é um desafio complexo. A abertura inerente à interatividade afeta a forma como a história é construída e experienciada pelo público. Alguns documentários interativos focam-se mais na navegação do que na história. A narrativa e o storytelling são frequentemente negligenciados em investigação, que se tende a centrar nas novas possibilidades da interatividade. Esta jornada teve como objetivo compreender como os documentários interativos podem equilibrar a importância de histórias coerentes e relevantes com o proveito da interatividade e com as potenciais não-linearidade e colaboração, através de novas estruturas narrativas. Ambicionamos apoiar criadores e investigadores no desenvolvimento e estudo do Documentário Interativo, identificando estratégias e melhores práticas em relação à narrativa e storytelling, com base em revisão de literatura, estudos de caso e entrevistas. Para aplicação prática, propomos uma Estrutura de Categorização, ilustrada com os estudos de caso, que nos permite tipificar i-docs sob a perspetiva da narrativa e storytelling. Por fim, sugerimos um guia prático, compreendendo doze táticas, para criadores que visam desenvolver documentários interativos com narrativas mais expressivas e coerentes.

Palavras-chave: Documentário Interativo; Narrativa; Storytelling; Interatividade; Linearidade; Categorização.

Provas de Doutoramento em Media Digitais (PDMD): ”Emotion-driven Physiological Actor Dynamics For Interactive Theatre Sound”

Candidato

Luís Alberto Teixeira Aly

Data, Hora e Local

22 de julho, às 14:00, na Sala de Atos da FEUP

Presidente do Júri

Doutor António Fernando Vasconcelos Cunha Castro Coelho, Professor Associado com Agregação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Vogais

Doutor Javier Enrique Jaimovich Fernández, Professor Associado do Departamento de Sonido da Facultad de Artes da Universidad de Chile, Chile;
Doutor William Ruddock Primett, Postdoctoral Researcher da School of Digital Technologies da Tallinn University, Estónia;
Doutora Carla Maria de Jesus Montez Fernandes, Investigadora Principal do Instituto de Comunicação (ICNOVA) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa;
Doutor Rui Pedro Amaral Rodrigues, Professor Associado do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;
Doutor Gilberto Bernardes de Almeida, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Orientador).

A tese foi coorientada pelo Professor Hugo Plácido da Silva, do Instituto Superior Técnico.

Resumo

Esta tese, intitulada ’Emotion-driven Physiological Actor Dynamics for Interactive Theatre Sound,’embarca numa jornada exploratória na integração de respostas emocionais expressas por sinais fisiológicos e design de som no teatro. Esta pesquisa investiga a complexa relação entre os estados emocionais dos atores e os respetivos sinais fisiológicos, explora o impacto do som gerado a partir de dados fisiológicos na expressão emocional e agência dos atores, e examina como esta integração pode redefinir narrativas teatrais tradicionais. O estudo examina as experiências e percepções dos atores recorrendo a metodologias qual itativas e quantitativas. Utiliza grupos de foco, estudos observacionais, sensores fisiológicos e inquéritos para capturar e analisar os sinais fisiológicos e o feedback dos atores. Esta abordagem permite uma compreensão matizada da interação entre os aspectos fisiológicos e emocionais da atuação, lançando luz sobre como os atores incorporam e transmitem emoções complexas através das suas performances. Uma contribuição empírica crucial desta pesquisa é o dataset DECEIVER, que compreende um extensivo arquivo de gravações fisiológicas. Estas gravações fornecem informações valiosas sobre a consistência e variabilidade da expressão emocional em ambientes de performance teatral. Este conjunto de dados é de interesse para investigadores e profissionais da área na compreensão da reação entre expressão emocional e respostas fisiológicas em teatro. Além disso, a tese apresenta uma análise histórica abrangente do uso de sensores fisiológicos em música interativa, abrangendo o período de 1965 a 2023. Esta visão histórica não apenas traça a evolução tecnológica neste domínio, mas também prepara o terreno para entender as tendências atuais e os desenvolvimentos futuros. Ela contextualiza a pesquisa na trajetória mais ampla dos avanços tecnológicos, destacando as mudanças incrementais e, por vezes, revolucionárias que moldaram o estado atual dos sistemas de música interativa. A tese introduz uma taxonomia empírica e funcional para Sistemas Musicais Interativos impulsionados por sinais fisiológicos. Esta taxonomia representa uma contribuição significativa para o design e aplicação de Sistemas Musicais Interativos, fornecendo um quadro estruturado que pode guiar desenvolvimentos futuros no campo. Ela categoriza diferentes abordagens e metodologias na integração de dados fisiológicos em design de som, oferecendo uma compreensão abrangente do potencial e das limitações destes sistemas. A pesquisa também envolve o desenvolvimento de um protocolo experimental projetado para analisar os correlatos fisiológicos de valência emocional e excitação na atuação. Um sofisticado conjunto de ferramentas de software para processamento de dados complementa este protocolo. O design do protocolo sublinha a eficácia da elicitação em despoletar estados emocionais específicos e destaca a complexidade da expressão emocional em atores de teatro. Este aspecto da pesquisa fornece um modelo metodológico para futuros estudos que visam explorar temas e questões semelhantes. Biosignal Processing Toolbox, uma ferramenta de software para operações em tempo real que integra sinais fisiológicos com som, é central para o desenvolvimento do estudo. A Biosignal Processing Toolbox possibilita a criação de som de forma dinâmica e responsiva que interage com os atores, potenciando a expressão emcional através do som, e a narrativa teatral. A Biosignal Processing Toolbox está equipada para lidar com vários sinais fisiológicos, como eletromiografia, eletrocardiografia e atividade eletrodérmica, cada um oferecendo oportunidades e desafios únicos para a sonificação. A versatilidade da A Biosignal Processing Toolbox reside na sua capacidade de se adaptar e responder a diferentes entradas fisiológicas, tornando-o uma ferramenta eficaz para designers de som no teatro. Uma parte significativa da pesquisa foi um projeto tecno-artístico colaborativo, que utilizou o teatro de Samuel Beckett como pano de fundo. Este projeto levou ao desenvolvimento de um protótipo para um Sistemas Musicais Interativos impulsionado por sensores fisiológicos. Este projeto explorou as possibilidades transformadoras da integração de sensores fisiológicos e tipologias de gestos no teatro, oferecendo novas perspectivas sobre o desenvolvimento de personagens e a construção narrativa. O projeto demonstrou o potencial desta tecnologia para trazer uma nova dimensão às performances teatrais, permitindo uma experiência mais imersiva e interativa tanto para atores quanto para diretores artísticos. Apesar da sua natureza inovadora, a pesquisa reconhece os desafios e limitações de tais integrações tecnológicas. Estes incluem questões como a necessidade de processamento de dados em tempo real, a necessidade de calibração do sistema específico para cada ator, restrições técnicas e financeiras, requisitos de treino para atores e equipes de produção, garantindo o conforto e discrição dos sensores durante as performances, considerações éticas relacionadas ao uso de dados fisiológicos e a interpretação subjetiva de tais dados em contextos artísticos. Em conclusão, esta tese contribui para os estudos teatrais e para a arte de mídia interativa e fornece novas perspectivas para o design de som e treinamento de atores e contribui para o discurso mais amplo sobre a interseção da tecnologia com a arte.